quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O kombucha e a prevenção do cancro


Há já alguns meses que bebo o fantástico kombucha, o chá fermentado. Resulta num «champanhe» magnífico (tem 0,5 a 1% de alcóol), que «apimento» com gengibre ou hortelã, cidreira e tomilho da minha horta/varanda.
São bem conhecidas as propriedades do kombucha ou kombuchá, o chá fermentado. Sabe-se que na China já se bebia há mais de dois mil anos (na dinastia Tsing) e é citado na Bíblia (Rute 2:14) num relato datado de cerca de mil anos antes de Cristo.
A nós, doentes de cancro, interessa-nos sobretudo pelas suas propriedades alcalinizantes. Mas já lá vamos - é que merece a pena fazer uma passagem pelos outros benefícios da bebida.

Alguns dos componentes mais importantes do kombucha são:

- As vitaminas do complexo B (B1,B2,B3 e B6) que ajudam na conversão dos hidratos de carbono e aliviam os distúrbios nervosos;
- O ácido glucurónico que participa na eliminação das toxinas;
- O acido glucónico resultante da rotura da glicose que preserva os alimentos;
- O ácido úsnico, desativador de vírus e potente antibacteriano.
- O dióxido de carbono, que associado ao alcóol actua como anti-microbiano.


 Assim, o kombucha é excelente para ajudar no tratamento de diversos problemas de saúde:

Artrites – alivia as dores inflamatórias;
Pressão arterial – actua para a diminuir uma vez que reduz os lípidos no sangue e o colesterol;
Distúrbios intestinais – equilibra a flora intestinal e ajuda a regularizar o Ph;
Diabetes – estabiliza os níveis de glicose (neste caso convém que o chá fique mais ácido para termos a certeza que todo o açúcar foi consumido na fermentação);
Constipações ­– previne-as, uma vez que reforça o sistema imunitário;
Cálculos renais – ajuda a dissolvê-los;
Psoríase – tanto para uso tópico como para ingestão uma vez que a psoríase piora com os estados nervosos e a vitamina B ajuda a melhorá-los;
Distúrbios do sono – pelo mesmo motivo: as vitaminas do complexo B são essenciais para a um sono estável;
Perda de peso – melhora a capacidade do organismo para queimar gorduras e a motricidade intestinal;
Cancro – uma vez que estimula o sistema imunitário e que promove a alcalinidade do organismo (quanto mais ácido o ambiente mais proliferam as células cancerígenas).

As comidas como as frutas, vegetais, nozes, raízes e legumes secos são alcalinizantes porque são convertidas em ácidos gordos de cadeia curta com nutrientes probióticos que alimentam a bactérias boas dos intestinos (eis investigação sobre o assunto). O mesmo acontece com o kombucha. As bactérias boas vão diminuir a inflamação no corpo em geral evitando a proliferação de células cancerígenas. As comidas acidificantes, como os açucares e farinhas refinadas, as sodas e a gordura animal, criam precisamente o ambiente contrário.
Porque não beber, então, um copo de kombucha em vez de um copo de cola ou afins? É naturalmente gaseificado, muito agradável e tem propriedades óptimas.
Para aquelas que foram sujeitas a quimioterapia o kombucha é uma boa forma de ajudar o sistema imunitário a recuperar.

Como preparar

Quanto à preparação, ignorem a maioria das instruções que encontram na internet – fazem com que pareça muito complicada.
A receita é muito simples. É só fazer chá, açucará-lo e acrescentar a «panqueca» com um pouco do kombucha da fermentação anterior e depois deixar fermentar entre uma e duas semanas.

Para o meu frasco de três litros faço um litro de chá (verde ou preto) com 4 a 8 saquinhos (consoante é mais ou menos forte) acrescento um pouco menos de 2 litros de água, misturo uma xícara de açúcar (branco ou amarelo) e, por fim, coloco o biofilme (que parece uma panqueca) com um pouco do kombucha que sobrou da última fermentação.

Ou seja, é necessário:

Um recipiente de 3 litros coberto com pano ou papel;
Um litro de chá forte;
Dois litros de água;
Uma chávena de açúcar;
Um copo de chá da última fermentação;
Uma «panqueca».

O biofilme ou zoogléia (em inglês chamam-lhe SCOBY de symbiotic culture of bacteria and yeast) vai-se reproduzindo - vai engrossando e vai criando «filhos». Até os oferecer mantenho-os juntos.
Se viajarem podem conservar as «panquecas» no frigorífico, preferencialmente num recipiente ligeiramente destapado (as caixas herméticas que têm uma válvula no meio, são boas). O frio atrasa a fermentação. Também podem deixar no frasco do costume mas ao fim de três ou quatro semanas poderão ter uma bebida mais ácida, o que também é agradável – podem dobrá-la com água fresca ou usar como um vinagre de sidra.
Deve-se consumir um pequeno copo de kombucha de manhã e um outro à noite. Às vezes também bebo como refresco, num dia quente, a meio da tarde. Convém que os quase três litros sejam divididos pelos 10 ou 15 dias que leva a nova cultura a estar pronta. No Verão a fermentação é mais rápida, com o frio é mais lenta. O ideal é provar antes de engarrafar.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O cancro e os nossos animais 2: dieta crua, cetose e cannabis

A série The Truth About Pet Cancer continua, com os episódios 3 e 4 disponiveis online.
Se, mais uma vez a refiro aqui, é porque muitos dos testemunhos dos cientistas e médicos que foram recolhidos interessam não só aos donos (agora diz-se «pais», LOL) de animais mas também a nós humanos que tentamos evitar o cancro ou curá-lo.
Sempre que vou ao veterinário este reforça que devo dar apenas secos aos meus gatos e aconselha sempre as mesmas marcas. Trata-se de algo chamado, em inglês, brand loyalty, a fidelidade a uma marca que começa a sercultivada pelas coorporações que produzem comida animal junto dos veterinários quando estes ainda são jovens, na faculdade. E funciona muito bem, sobretudo porque os veterinários - tal como os médicos - não estudam nutrição, o que os poderia ajudar a perceber que a melhor alimentação para os bichos é a que se assemelha ao que comeriam em estado selvagem ou ao que os seus congéneres, lobos e gatos selvagens, caçam. A dieta  crua para cães e gatos (dei receita no último post) é uma opção mais saudável.


Os meus bichos: Ziggy e Mimi.
Uma questão essencial abordada neste episódio é a relação entre o cancro e os quimicos presentes nos tratamentos para as pulgas e carraças que lhes metemos no pelo ou os fazemos ingerir em forma de comprimidos. Uma alternativa é o D-limolene que podemos utilizar misturando óleo essencial de citrinos (toranja, laranja, limão) com água e pulverizando os bichos de seguida.
Há também produtos homeopáticos para o efeito.
O episódio 3 vale sobretudo pela informação sobre um estudo científico que está a ser conduzido na Dinamarca sobre a ração e a sua relação com doenças caninas (começa ao minuto 19): a homocistina (relacionada com algumas doenças) aumenta com a comida seca, por comparação com a dieta crua.
A herança epigenética dos nossos animais é uma preocupação crescente - o cancro não é transmitido ou herdado mas se não alteramos a sua dieta, as novas gerações serão ainda mais propensas a esta doença uma vez que as toxinas afectam a expressão do ADN.
É o nosso exposoma que determina a nossa saúde e o mesmo acontece com o exposoma dos nossos bichos; sim, porque é a totalidade das exposições, externas e internas, a que somos sujeitos (ambiente, clima, stress, contaminantes, exercío físico, alimentação, hormonas, stress oxidativo, inflamação) que vai determinar o nosso risco de cancro. 


Castrar os animais cedo demais impede-os de usufruir do efeito protector das glândulas. Castrei os meus aos seis meses - sobretudo para ele, foi muito cedo e ainda por cima ficou com uma infecção.

No episódio 4 desta série é introduzido um tema que, para mim, é novidade: a cetose. Esta é produzida pelo fígado quando há uma dieta baixa em carbohidratos (por exemplo, em jejum), criando um estado metabólico que aumenta a função cognitiva, as defesas, a capacidade anti-inflamatória e, como resultado, a capacidade do corpo lutar contra o cancro . Os animais quando estão doentes deixam de comer e, muitas vezes, ao fim de algum tempo, recuperam. Nesses casos o processo da cetose ajuda-os a ultrapassar a crise. A dieta cetogénica está a ser muito utilizada para tratar animais com cancro.
Temos ainda de nos preocupar com o meio ambiente em que vivem os nossos queridos de quatro patas: ruas poluídas pelo dióxido de carbono dos automóveis, jardins limpos com glifosato e plantados com fertilizantes, tapetes lavados com detergentes cheios de ftalatos (os mesmos que espalhamos na nossa pele através do cheiroso creme hidratante), brinquedos de plástico com bisfenol A e a radiação emitida pelo wifi da casa, pelos computadores e pelos telemóveis.

A Mimi só quer comer ração.Procuro uma dieta natural de que goste e que seja económica.
E como tratar aqueles que já têm cancro? Bom, com ... cannabis. Os efeitos curativos desta planta são há muito conhecidos (a Food and Drug Administration já admite que cura o cancro) mas infelizmente o estigma a que está associada impede a sua utilização generalizada.
A cannabis tem um efeito citotóxico (como a quimioterapia): interrompe a proliferação celular e como pára a angiogenese, a criação de novas células, impede o crescimento de novos vasos sanguineos que alimentam o tumor, impedindo também o crescimento de novos tumores e metástases. Este agente pró-apoptose (morte celular, já aqui explicada) tem sido empregue no tratamento de animais com bastante sucesso. É ainda um excelente adjuvante para os pacientes que escolhem o tratamento tradicional com quimioterapia e radiação.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O cancro e os nossos animais

Os mesmos autores da série The Truth about Cancer lançaram agora a série The Truth About Pet Cancer
Os nossos animais de estimação, tal como nós, morrem de cancro em números muito superiores áqueles de algumas décadas atrás.
Há veterinários que afirmam que mais de metade dos seus pacientes morrem de cancro.

O que causa esta mortandade canina e felina sem precedentes? É simples: o mesmo que faz com que cada vez mais humanos morram de doenças oncológicas, ou seja, o ambiente, a água e a alimentação. Os poluentes do ambiente como os pesticidas e os metais pesados, os químicos da água, como o fluór e o cloro, e a comida seca - feita de cereais e proteína de baixa qualidade e que, nalguns casos é constituida por mais de 50% de açúcar - levam-nos os nossos queridos de quatro patas, depois de muito dinheiro gasto em veterinário, e sobretudo depois de muito sofrimento. 
Para os tratar a escola clássica de veterinária oferece a «chapa três», a mesma que é oferecida aos humanos: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Estas duas últimas são altamente tóxicas e mesmo cancerigenas, como já aqui foi explicado e os animais, por vezes depois de algumas melhoras, morrem prematuramente, enquanto a oncologia veterinária factura.
Porém, cuidar da alimentação dos bichos, oferecendo-lhes alimentação crua e água filtrada pode ajudar a prevenir e mesmo a curar o cancro.


Ziggy
Há um ano o meu gato Ziggy definhava. A veterinária que o castrou aos seis meses havia-me dito: «como é um macho dê-lhe latas e carne crua senão terá problemas renais». Achei interessante, já que outros veterinários sempre me disseram que os secos é que são bons. Apesar de lhe dar uma boa ração e um pouco de comida húmida, o bicho não estava bem. Foi então que me comecei a informar e percebi que a comida seca é em grande parte feita de cereais! Ora os gatos, ao contrário dos cães, são obrigatoriamente carnívoros - precisam de comer carne. Quanto às latas saem caras e não sabemos o que lá vem dentro - há inclusivé marcas que os meus gatos se recusam a comer. Comecei então a fazer uma receita de carne crua (peito de frango ou perú, coração, figado, gelatina, pó de casca de ovo, óleo de salmão e vitamina B) e o bicho está óptimo. Espero que esta dieta ajude a conservá-lo longe do horror do cancro.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Os meus suplementos


A alimentação, mais do que qualquer suplemento, é essencial para evitar o cancro, curá-lo (sim, a cura é possível nalguns casos) ou para ajudar a mitigar os efeitos secundários das terapias agressivas propostas pelos médicos.
No entanto, nem sempre é fácil encontrar esses alimentos numa dada estação do ano ou numa determinada geografia. Também é verdade que alguns suplementos sintetizam os compostos que queremos ir buscar aos alimentos de forma mais apropriada.

Eis alguns suplementos (muitos são estratos de plantas) que tomei em determinadas fase do tratamento ou que ainda hoje tomo:



Durante a Quimioterapia


Sais de Shussler



Anti-tumorais e/ou para favorecer a imunidade

Índole-3-Carbinol (estrato de crucíferas)

Kalanchoé Daigremontiana ou Pinata  

Cogumelos shiitake

Vitamina C



Anti-inflamatórios

Curcuma


Para substituir o anti-hormonal ou os inibidores de aromatase

Sementes de linho

Amora/framboesa/romã



Para a menopausa antecipada

Óleo de borragem ou onagra

Proteína/Amino-ácidos

Colagénio




Notem que, sempre que possível, como os vegetais, frutas ou plantas em vez de comprar os suplementos: muitas vezes é o fruto inteiro que tem as propriedades (como a amora ou a romã) e não apenas o estrato de uma das suas partes que é vendido por bom dinheiro nas lojas de produtos naturais. É que não há carteira que aguente tanto suplemento.




Consulta de naturopatia



Já depois de ter sido submetida à quimioterapia e à cirurgia, quando recusei a toma diária do Tamoxifeno (perdendo um indíce de 10 por cento de sobrevida segundo estatísticas que um médico me passou e que referi em post anterior) consultei Serge Jurasunas, um naturopata e cientista que pratica a oncologia integrativa, (Clínica Holiterapias em Cascais). Uma vez que o meu tumor fora estimulado pelo estrogénio (RE positivo em 90 por cento das células neoplásicas) pretendia que me indicasse algo que fizesse o efeito do anti-hormonal (ligar-se aos receptores de estrogénio) sem as suas consequências nefastas (cancro do útero, trombos, problemas oculares graves, aumento de peso, etc).

Começou por me fazer um teste de sangue após o qual afirmou que não tinha cancro. Disse-me também que a escolha era minha, mas que pensava que não deveria ter aceitado a quimioterapia (e eu bem me arrependia...) e que a radioterapia não me traria nenhuma vantagem.

Havia-me apresentado como investigadora e académica e penso que por isso me falou da sua investigação, de casos de cancro da mama em que o tratamento médico clássico apenas havia trazido mais complicações às suas pacientes que, com o seu tratamento integrativo e naturopata, tiveram sucesso. Entregou-me também um pequeno dossier com alguns dos seus artigos sobre o cancro da mama (no seu site há um página em construção sobre o assunto).

Quanto à minha questão específica, disse-me que a resposta estava nos brócolos, algo de que eu já tinha conhecimento.

Imagem do meu sangue: sem cancro.


Escolher o suplemento certo


Acabei por sair do consultório com uma pasta com conselhos sobre estilo de vida e alimentação e com uma lista de suplementos (foi-me dito que os poderia comprar ali ou noutro sítio): Biobran (160 euros), Kimun (90 euros), Zell-oxygen (29 euros), Griffonia (29.50 euros) e Indole-3-Carbinol (53 euros).

Como tento ir buscar à alimentação aquilo de que necessito e como já não tinha cancro (como o próprio Serge Jurassunas me mostrara) analisei os suplementos aconselhados para ver o que corespondia à minha necessidade específica de tentar substituir o anti-hormonal:

- Biobran. Consiste em saquetas de 1000 mg de farelo de arroz tratado enzimaticamente com cogumelo shiitake; trata-se de  fibras solúveis com efeito imuno-modulador.

 - Kimun. Indicado para a imonosenescencia, a perda da capacidade imonulógica com a idade. Consiste num composto de amino-ácidos e selénio.

- Zell-oxigen. Leveduras ricas em enzimas. Combate aos radicais livres produzidos a nível celular ou através de factores ambientais (poluição, tabaco) ou seja, combate o stress oxidativo.

- Griffonia simplicifolia. É do feijão desta planta que se extrai o amino-ácido 5HTP. Ajuda na regulação da serotonina e juntamente com a Vitamina B6 é usado para problemas de sono e depressão.

- Índole-3-Carbinol. É um composto contendo enxofre que se encontra nas crucíferas (bróculos, couves). Desintoxica, neutraliza os radicais livres, regula o ciclo celular. É um agnete quimio-preventivo nas neo-plasias quimio dependentes (alguns cancros da mama e próstata). Inibe a angiogenese, induz a apoptose das células e favorece a eliminação dos estrogénios (estrona e estradiol). Na marca aconselhada esse efeito era reforçado pela inclusão de linho.


A griffonia é algo que conheço há muitos anos e que tomo, por temporadas, para dormir melhor. Quanto aos outros suplementos acabei por escolher apenas aquele que correspondia ao motivo que me levou à consulta, o I-3-C, e só o tomo quando não tenho tempo de comer bróculos ou couves que uso regularmente nos meus batidos (quando vou de férias, ou ando em viagem).

Acredito que alguns destes suplementos poderão ser úteis para aquelas que têm/tiveram cancro da mama, sobretudo durante ou depois da quimioterapia ou ainda para aquelas que a recusaram e tentam debelar o cancro com a naturopatia.

No próximo post abordarei mais alguns dos suplementos que experimentei ou uso regularmente.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

De volta

Um dos meus melhores amigos foi operado a um cancro, o meu namorado está de luto pelo pai, vi-me obrigada a tomar a decisão  profissional mais difícil de sempre e comecei um dos mais importantes projectos da minha vida. Eis o que me impediu de alimentar este blog no mês passado. Regresso com um tema sobre o qual muitas de vós me pedem informação: a suplementação. Para usar durante o tratamento convencional;  para usar para recuperar das consequências do tratamento convencional; ou mesmo, para usar como substituto ao tratamento convencional. Até amanhã.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A verdade sobre as vacinas

Eu sei que quando se tem crianças não é fácil decidir - permitir que lhes dêem as vacinas (cada vez mais e para doenças que não são graves) ou não? De qualquer modo a informação não pesa, sobretudo quando sabemos que alguns dos componentes das vacinas estão intimamente ligados ao cancro, por isso aqui fica a ligação para a nova série «The Truth about Vacines».


sábado, 22 de julho de 2017

Instrumentos para evitar a quimioterapia



Saiu hoje uma grande reportagem no Diário de Notícias (Cancroda Mama: a Nova Cruzada dos Cientistas Portugueses) que questiona porque morrem 30% das mulheres com cancro da mama metastizado, não se tendo alterado esta estatística nos últimos anos. Vem este artigo a propósito da mudança de objectivos da Laço. Esta, que investia na detecção precoce, passou a investir na investigação científica com bolsas a cientistas e ao Instituto de Medicina Molecular. Para além de investigação que permitirá perceber porque se desenvolve o cancro de maneira mais agressiva numas mulheres que noutras, e do desenvolvimento de terapias que estimulam o sistema imunitário (ao invés de o destruir, como a quimioterapia), cientistas como Célia Carvalho e Catarina Silveira tentam desenvolver um teste que permita tratamento personalizado.
 «O objectivo deste projecto é o desenvolvimento de um teste molecular que ajude realmente a distinguir os cancros com baixo risco de recidiva e que seja um apoio para a decisão clínica: tratar ou não com quimioterapia. Pretendemos que seja um teste não muito dispendioso, para que o seu valor seja aceitável para os hospitais, já que os testes moleculares de diagnóstico disponíveis actualmente são muito caros, não são comparticipados pelo SNS e, portanto, ainda não estão na prática clínica», explica Célia Carvalho (in DN).
Como a cientista muito bem diz, já existem testes, como o MamaPrint que já aqui referi, que, se aplicados, poderão salvar muitas mulheres da quimioterapia. Soube que já o aplicam no IPO do Porto, mas ainda não confirmei.


Se os médicos me tivessem informado da existência destes testes antes de me aplicarem o «protocolo», (a chapa três como lhe chamo, quimio/cirurgia/rádio) teria, de muito bom grado, pago para saber se seria possível evitar a quimioterapia. Não nos esqueçamos que segundo o ensaio clínico MINDACT, cujos resultados saíram em 2016, 46 por cento das mulheres com um a três gânglios afectados foi sujeita a quimio sem necessidade. E bem sabemos o que a quimio faz para além de nos arruinar a imunidade – coloca-nos em pós-menopausa e rouba-nos anos de vida, muitos anos de vida.
Fico feliz de saber que no nosso país se investiga para substituir a quimioterapia por tratamentos que estimulam a imunidade e que já é possível personalizar o tratamento de modo a que muitas possam evitar esse contra-senso, esse flagelo, esse negócio negro das farmacêuticas.
E parabéns à Laço pela lúcida mudança de objectivos: a investigação (e a sua aplicação) é a melhor maneira de combater o cancro. Desde que seja acompanhada da abertura de espírito, que deveria caracterizar cientistas e médicos e que tanto tem faltado nesta área.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Contra a sarcopenia malhar, malhar



Sarcopenia é a perda de força e massa muscular que geralmente acontece com o envelhecimento. A partir dos 50 anos o corpo tende a perder 0,5 a 1 % de massa muscular por ano. A falta de força é responsável por quedas, e a de massa muscular por problemas nas articulações e tendões, que deixam de ter sustento. Manter o músculo é fundamental, tanto mais que, com a idade, pode também acontecer a perda de massa óssea ou osteoporose. Se bem que esta última condição seja muito discutida pelos médicos e divulgada pelos média, a sarcopenia é menos estudada e conhecida. Ora, a falta de músculo nas pessoas de idade, é o que vai provocar a queda que quebra o osso enfraquecido.

Com a aplicação do «protocolo», os médicos colocaram-me em pós-menopausa de um momento para o outro. Actualmente o meu corpo está a perder massa muscular a um ritmo que não consigo bater – tenho os músculos dos braços e das pernas (eram o meu orgulho!) cada vez mais flácidos e as minhas vértebras estalam constantemente (hoje acordei com uma delas fora do sítio e quase nem consigo respirar, tenho de ir ao osteopata).



O problema nem é o facto de há um ano eu ser uma cinquentona com ar de ter dez anos a menos e hoje ser uma cinquentona que parece ter dez a mais – que se lixe a estética – o problema é que os meus músculos não me estão a sustentar o esqueleto e os tendões: as velhas tendinites não passam, os osteófitos (bicos de papagaio) fazem-se sentir, a hérnia lombar faz-me passar as manhãs na cama com um saco de água quente.

Por isso, se tiverem cancro e poderem evitar a quimioterapia, façam-no (não se esqueçam que 46% das mulheres, com um a três gânglios afectados, sujeitas a quimioterapia não precisavam do tratamento segundo o ensaio clínico MINDACT, de 2016, que aqui já referi). Façam perguntas aos médicos, peçam respostas, tentem perceber para que vai servir a quimioterapia no vosso caso (a mim disseram-me que era para reduzir o tumor – resposta ridícula, uma vez que a mama e os gânglios iam ser todos retirados, que importava se tinha cinco ou quatro centimetros, tanto mais que não era, à partida, o tipo de tumor para diminuir muito). E recusem, se esse tratamento não for fundamental, ou preparem-se para a consequente perda de qualidade de vida e, mesmo, de anos de vida que dele resultará.





Bom, mas agora está feito…se foram sujeitas a quimio e consequentemente vos esterilizaram, tendo entrado numa pós-menopausa súbita e precoce as chances são que comecem a perder massa e força muscular de forma mais intensa do que o normal processo de envelhecimento.

Como recuperar, pelo menos alguma massa muscular? As fontes onde encontrei melhor informação sobre o assunto são aqueles sites para os homens que querem desenvolver grandes bíceps para mostrar às meninas. Claro que meti de lado aqueles que aconselham esteroides anabolizantes e suplementos que podem interferir com a prevenção do cancro da mama. Mas alguns como este, parecem-me ter conselhos correctos. Basicamente o que há a fazer é malhar e ingerir mais proteína.

Mas nem todo o tipo de exercício é ideal. Exercícios como correr ou nadar criam músculo mas gastam calorias, energia que devia estar a ser concentrada no ganho de músculo. Portanto, o ideal é mesmo levantar peso. Podem ser exercícios com pesos ou máquinas ou com o próprio peso do corpo. Pelo menos três vezes por semana. É importante fazer exercícios para todos os grupos musculares (não querer ficar como alguns dos homens que estão ao vosso lado a levantar alteres de 300 quilos, com muito tronco e pernas fininhas) e ir aumentando sempre o peso, de forma a aumentarem a tensão muscular e a ficarem doridos no dia seguinte (sim, doridos, os músculos têm de ser sujeitos a um stress metabólico para se reconstruírem e aumentarem). Senão, é apenas um exercício para «tonificar»… Ora, nós não queremos tonificar nada, queremos ganhar músculo, deixar de ser parecidas com a Olívia Palito e ficar na classe do Popey.





Outro aspecto importante é a dieta: é importante comer bastante proteína e comer várias vezes ao dia. Se não comemos perdemos massa corporal – sim podemos perder alguma massa gorda mas a muscular também se vai! No meu caso, que não tenho massa gorda para perder, vai-se o músculo.

Esse é um dos meus calcanhares de Aquiles – estar muitas horas sem comer, a trabalhar, em stress. Ora convém comer pelo menos cinco vezes por dia e incluir proteína nessas refeições. Mas cuidado para que esta dieta não choque com a vossa dieta de prevenção do cancro da mama (ver meu post de 7 de Abril).

É preciso, por exemplo ter cuidado com os suplementos: o ideal é ir buscar a proteína aos alimentos: às sementes (linhaça, canhâmo, chia), aos legumes secos, aos ovos, aos peixes e a algumas carnes. Se optarem por suplementação tenham muito cuidado (refiram-se ao Food for Breast Cancer para perceber se os compostos podem ser prejudiciais para o vosso tipo de cancro da mama). Se optarem por um composto proteico evitem o whey – a proteína de soro de leite – e invistam na proteína vegetal, como a de ervilha por exemplo.

Para mim o mais difícil é disciplinar-me para comer mais e mais vezes e malhar…. Adoro ioga, surf, nadar, caminhar e andar de bicicleta mas ir para dentro de quatro paredes fazer máquinas na companhia do body builder que se atira às «garinas» não é o meu prato. Mas lá terá de ser.

sábado, 3 de junho de 2017

A reconstrução

Um estudo americano de 3 de Maio último salienta que metade das pacientes de cancro da mama se queixa de falta de informação sobre a reconstrução. Se bem que o estudo seja sobre uma instituição hospitalar específica, penso que traduz o que se passa em muitas outras, nomeadamente naquela em sou tratada. Foi aliás a falta de informação sobre a reconstrução que me levou a esta pesquisa e blog.

Informação sobre a reconstrução com os próprios tecidos, por exemplo. A mim foi-me negada, uma vez que não tenho gordura, disseram-me. É para aquelas que têm barriga ou rabo suficientes (se bem que a operação com as partes traseiras não seja muito popular cá porque exige muito trabalho de microcirurgia).

Sobretudo, cuidado com essa cirurgia da barriguinha - pode causar hérnia, uma vez que enfraquece o músculo abdominal. Hoje já se fazem cirurgias com tecidos próprios, sem usar músculo (existem,por exemplo, tecidos artificiais que sustêm a nova mama formada com gordura da própria e/ou prótese de silicone). Mas disso não me falou nenhum médico…
Retropeitoral clássica - primeiro o expansor, depois a prótese de silicone.
Depois existem as técnicas reconstrutivas com recurso a prótese. Como já aqui referi no post de 24/04/17, a reconstrução mais frequente no hospital público de referência onde sou tratada é a que utiliza o músculo dorsal – o latissimus dorsi – para suster a prótese (procurem dorsi flap no breastcancer.org). Compreende-se, poupa-se dinheiro; de uma só vez efectua-se a mastectomia, reconstrói-se a mama e no caso de ser poupado, coze-se o mamilo. Se tentarem «impingir-vos» esta reconstrução tenham em atenção o seguinte: com a radioterapia subsequente a prótese pode encapsular. Conheço vários casos, um deles uma prima que há três anos aguarda uma solução para a pedra que tem no peito, bem como o de uma conhecida que vai na sétima cirurgia para resolver umprobelma semelhante
Patologias da coluna ou costas são outro motivo para recusar o corte do dorsal.
Como já aqui referi, acho incompreensível que com os problemas óbvios que tenho nas costas, os cirurgiões me tenham tentado impor esta técnica de reconstrução. Com uma outra prima aconteceu o mesmo num hospital privado – queriam usar o grande dorsal «à força». Mas, no caso dela, foi a fisioterapeuta que se opôs: nem pensar com os problemas que tem na coluna.

Consultem o fórum da breastcancer.org sobre o assunto. Algumas mulheres ficam com problemas graves nas costas e com a mobilidade do ombro seriamente comprometida (como se  nalguns casos, como o meu, não bastasse o esvaziamento axilar para tal).
Ás vezes, as escolhas mais conservadoras são as melhores como a reconstrução chamada retropeitoral, usando um expansor (ou prótese, que pode ser enchida) por trás do músculo peitoral, faseada. Um dos cirurgiões do público disse-me que só fazia 40 destas por ano mas 400 das do latissimus. Supostamente a retropeitoral seria reservadas para mulheres fumadoras ou com outros problemas. Mas foi essa que escolhi.
No entanto, no hospital privado, o cirurgião plástico (professor universitário como eu, especialista na matéria) propôs-me, precisamente, usar o peitoral, de forma faseada: 1º - mastectomia sem reconstrução para que não houvesse encapsulamento durante a radioterapia, 2º - expansor, 3º - prótese de silicone, 4º mamilo (caso não se salvasse). 

Resumindo, existem vários tipos de reconstrução: 

1.Com tecidos próprios retirando músculo de outras partes do corpo (das costas, zona abdominal ou coxas) e que podem incluir implante ou não. Também existem operações que não usam músculo mas são mais complicadas, exigem microcirurgia e não são oferecidas em todos os hospitais. Mas são preferíveis. Vejam por exemplo o DIEP Flap (usa tecidos do abdómen mas não músculo) ou o Body Lift Perforator Flap, indicada para as magras, retirando gordura da barriga e das coxas.

2. Utilizando expansores e próteses, como a retropeitoral. Os expansores são geralmente de solução salina e as próteses podem ser mistas (solução salina e silicone, o que implica uma só operação - o implante vai sendo expandido) ou só de silicone.

 
DIEP Flap - reconstrução com tecidos do abdómen usando a artéria epigástrica inferior sem usar músculo.
Reconstrução com implantes.
A obra Reconstrução Mamária - a Escolha é Sua traduzida e adaptada pela Laço pode ser útil, mas para técnicas mais recentes a breastcancer.org é a melhor referência (vejam a tabela com a comparação das vantagens e desvantagens dos diferentes tipos).

Com o expansor há seis meses, tenho vivido os últimos três com uma mama mais pequena que a outra, uma vez que o meu cirurgião esteve doente e o médico que o substituiu não me encheu os expansor. Recentemente, durante as filmagens de uma curta metragem, foi-me difícil de esconder a assimetria, sobretudo nas cenas em fato de banho e camisa de dormir. Faço trabalhos como performer e actriz. Espero que me resolvam este problema brevemente.

sábado, 20 de maio de 2017

Sol sim, protector não


Interessante esta entrevista do Expresso com o médico Manuel Pinto Coelho, que fala de alguns assuntos que já aqui referi e de outros que serão objecto deste blog brevemente, como a água do mar.

A deficiência de vitamina D é um dos factores de risco para o cancro. Por exemplo, nos Estados Unidos a dose mínima recomendada está muito abaixo dos níveis bons para prevenir doenças cancerosas. Se não se puder apanhar sol há sempre a possibilidade da suplementação. Mas o melhor e mais barato é mesmo o banho de sol. Basta apanhar 15 a 30 minutos de sol todos os dias, sobre a maior extensão possível de pele nua, sem protector solar. O vosso corpo gerará vitamina D3 (calciferol) suficiente para manter o vosso sistema imunitário.
Eis um artigo sobre o assunto, do American Journal of Clinical Nutrition e outros sobre a importância da vitamina D para a prevenção do cancro colo-rectal (a segunda maior causa de morte por cancro nos EUA e a primeira na Europa) e do cancro da mama (este e este)
É importante ter em conta que: quanto mais escura for a vossa pele menos vitamina D produzirá (as sardentas, como eu, precisam de menos sol, as negras e morenas, de mais); quanto mais longe do equador estiverem menos vitamina produzem; menos horas de dia e mais de noite menos vitamina D, dai ser tão importante apanhar sol no inverno.

Foto de Pedro Libório
Não se esqueçam de que não fomos feitos para estar num escritório durante as horas de sol – os nossos antepassados corriam atrás dos animais ou plantavam hortas ao ar livre. Só há um século é que passámos gradualmente a ser todos bichos de interior.

Sem protector solar? E os escaldões? E o cancro da pele? Perguntam vocês.

Não precisam de apanhar sol durante muito tempo e podem ir aumentando o tempo de exposição gradualmente.
O que interessa é aproveitar os UVB e para tal, nada de protectores solares que os bloqueiem. Pior – são compostos por substâncias altamente tóxicas que libertam radicais livres quando expostas ao sol, actuam como se de estrogénios se tratassem, desequilibrando o vosso sistema endócrino (algo a ter em conta sobretudo para nós, as do cancro da mama sensível às hormonas) para além das reacções alérgicas e irritação da pele.
As substâncias a evitar nos protectores solares são: oxybenzona, methoxycinnamate e PABA que são estrogénicos. Se o vosso protector tiver estas substâncias deitem-no fora já! Mas há ainda outras substâncias tóxicas (em inglês que é muitas vezes a língua dos ingredientes destes produtos), para amnino benzoic acid, octyl salicyclate, cinoxate, dioxybenzone, phenylbenzimidazole, homosalate, menthyl anthranilate, octocrylene, methoxycinnamate e parabenos (estes usados para conservar).


Há dois tipos de protectores solares: os não minerais que penetram na pele, são disruptivos para as hormonas e libertam radicais livres sendo o seu mais comum ingrediente a oxybenzona; e os minerais que contêm zinco e titânio. Estes não têm os efeitos dos acima referidos e bloqueiam melhor os UVA.
Acabei de verificar o protector solar de corpo que usei o ano passado: contem um dos três piores tóxicos, methoxycinnamate, para além de «parfum» - perfume ou fragance o que quer dizer que não sabemos o que lá está – os produtores não são obrigados a revelar o «segredo» do seu perfume, que contem, amiúde, ftalatos, outro disruptor do sistema endócrino. Este vai para o lixo. Leiam o rótulo do vosso protector, seja de supermercado ou de farmácia (pela minha experiência estes não são necessariamente melhores).
Ultimamente uso apenas protector para a cara e mãos – na água o fato de surf protege o corpo, em terra o meu velho casaco e o chapéu fazem o mesmo efeito. Depois de alguns dias, já não é preciso tanta protecção a pele vai ganhando cor. Mas evito sempre expor a barriga, o peito e as costas nas horas se sol mais intenso.

sábado, 13 de maio de 2017

Um cancro emocional



«De certa maneira (…) ficamos a saber a vida de uma pessoa pelo tipo de cancro de que ela padece», Haruki Murakami (A Rapariga que Inventou um Sonho 2006, p.25).
O cancro da mama é um cancro das emoções. Tirando os casos em que a genética interfere, grande parte das mulheres que tem cancro da mama fala em períodos de stress, cansaço, perda ou angústia anteriores à descoberta do dito. Depois, esses tumores embrionários, no caso dos cancros chamados hormonais (RE+ e RP+), são alimentados pelas hormonas de uma gravidez tardia, ou as da terapia de substituição hormonal, por exemplo.

Qualquer corpo produz células cancerígenas regularmente. Um bom sistema imunitário impede-as de proliferar. Um sistema imunitário fortemente afectado pelo stress e pelo stress oxidativo fica à mercê dessas células deficientes. No caso dos cancros chamados hormonais, se essas células forem alimentadas pelo estrogénio – o das pílulas e medicamentos, o dos tóxicos presentes na alimentação, no ambiente e nos produtos de higiene e limpeza e mesmo o dos desequilíbrios hormonais – proliferam. Não são as hormonas que provocam cancro como muita gente pensa. Se assim fosse as adolescentes, estavam todas com cancro! O Professor Gershom Jajicek explica exatamente isso: o estrogénio não inicia a neoplasia, promove-a.
No meu caso este processo aplica-se: em Maio de 2015 uma mamografia revelava que não tinha cancro ou tumores (BIRADS 1 para a mama direita) nem qualquer suspeita. Após, isso, numa altura em que sentia que necessitava de levar uma vida mais calma e ir de férias (o que não fazia há anos, adiando desde a defesa de doutoramento) entrei numa situação profissional de grande stress – não tanto pela quantidade de trabalho e viagens constantes, com o que estou habituada a lidar, mas pela pressão humana da parte de uma hierarquia sem respeito pelos outros. Em stress, o meu sistema imunitário ficou debilitado – estava sempre constipada, com gripe. Entretanto a remoção dos miomas (alimentados pelo estrogénio) e a tomada de hormonas (pílula do dia seguinte seguida de terapia de substituição hormonal, por um mês) foram o suficiente para, no prazo de dois ou três meses, desenvolver um tumor que em Maio de 2016 tinha 5.8 cm.

É necessário ter atenção ao nosso corpo em períodos de grande pressão psicológica – há quem afirme que o cancro da mama é emocional. Eis um artigo sobre a relação entre a imunidade e o stress publicado pela American Psycological Association. Nesta entrevista um oncologista e um Professor de Medicina Integrativa examinam essa relação.

Apesar dessa relação óbvia entre o stress e a queda da imunidade, um estudo recente na Grã-Bretanha afirma não haver qualquer relação entre o stress e o risco de cancro da mama, isto apesar de 34 por cento das mulheres diagnosticadas positivamente viver em stress e 74 por cento ter tido um evento stressante recente... (é fantástica a maneira como as estatísticas manipulam a realidade).
A questão não é o stress em si – é a forma como este afecta a imunidade. E não me digam que não há relação entre um sistema imunitário deprimido e o cancro….
E temos ainda a prova de que as células cancerígenas crescem mais depressa quando o organismo está em stress, tema já bastante estudado.
Se eliminarmos o stress, controlarmos as hormonas e reforçarmos o sistema imunitário o tumor fica privado do que o causou e do que o alimenta e é atacado por uma imunidade renovada. Há mulheres que têm tumores e que recusam a quimio (essa assassina e agente de esterilização em massa) e a cirurgia, e que, seguindo um tratamento de controle hormonal e reforço da imunidade, vêem os seus tumores mamários diminuir, desaparecer.

Portanto, controlar o stress, a raiva, a sensação de perda, a angústia e a depressão é vital para tratar o cancro ou para evitar uma recidiva.


sexta-feira, 12 de maio de 2017

Um ano de cancro



Fez esta semana um ano que descobri um tumor enorme na mama direita, que não estava lá um mês antes.
Um ano de cancro. Um ano em que pela primeira vez na minha vida fiz algo determinante para o meu futuro de que me arrependo: quimioterapia. Um ano em que me trataram os efeitos de um cancro da mama, um tumor, mas não a sua causa. Ao fim deste tempo temo pela minha vida mais do que temia quando o dito foi detectado – com o sistema imunitário debilitado pela quimio (tenho a contagem de glóbulos brancos abaixo do normal, as feridas não saram, constipo-me facilmente) colocada em menopausa precoce e súbita por uma castração química, com problemas articulares graves, sinto que estou à mercê do mal. Tenho investido na alimentação e suplementação. Mas será que chega? Será que o estou a fazer da maneira correcta? 
Da medicina clássica não recebo apoio – estive na urgência do hospital público depois de tossir durante duas semanas, com formigueiros nos pulmões e ter fortes dores do lado direito do abdómen e guinadas na mama operada: mandaram-me para casa com um anti-histamínico e recomendação de ir ao ginecologista. Nunca um médico me disse para relaxar mais, tirar férias ou me receitou uma vitamina, apesar de detectarem que estou com as defesas em baixo. 
Fui ao privado e pedi exames: estão marcados para breve.
Uma espada de Dâmocles pende sobre a minha cabeça.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

A revolução da comida

Começa amanhã a Food Revolution Summit, uma conferência sobre a importância da comida na nossa saúde. Como os OGM, os pesticidas, os metais pesados, as hormonas alteram a nossa comida e nos põem doentes e como tratar várias doenças comendo, apenas comendo. Vou tentar assistir online à sessão sobre cancro (se não conseguir as conferências ficam online durante mais 21 horas, felizmente).

https://www.foodrevolutionsummit.org/soon-partner/ttac/?orid=419574&opid=235

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Moringa – planta anti-tumoral fonte de vitaminas e minerais



A moringa ajudou-me a aguentar a quimioterapia.
A oncologista do hospital privado onde fiz o diagnóstico recomendou-me que não tomasse vitaminas durante o tratamento (no hospital público nem se preocuparam com tais questões). No entanto, resolvi consultar um homeopata antes do tratamento e este receitou-me sais de Schussler (que ajudam na formação e manutenção dos ossos, músculos, nervos, etc.) e moringa.
Uma prima de Moçambique (que também já teve uma cancro da mama, bem como a sua filha) diz que nesse país se vende o pó de moringa no mercado, muito barato. Cá, é caro e tenho pensado em comprar sementes para plantar.
A moringa é um arbusto originário dos Himalaias no norte da Índia, que se espalhou pela Ásia, África e outros ambientes tropicais. Em malaio e tamil chama-se «árvore da baqueta». Toda a planta é utilizável, mais no ocidente geralmente consomem-se as sementes e as folhas em pó ou o pó diluído.
No Brasil existe o projecto Moringa para Todos que tem como objectivo promover a distribuição gratuita de sementes de moringa oleifera uma vez que a planta serve para purificação da água e nutrição de populações necessitadas.
A moringa tem 7 vezes mais vitamina C que a laranja, 10 vezes mais vitamina A que a cenoura, 25 vezes mais ferro que o espinafre, 14 vezes mais cálcio que o leite e 15 vezes mais potássio que a banana, como muito bem afirma um anúncio que encontrei. Tem 92 nutrientes e 46 tipos diferentes de anti-oxidantes. Tem vitaminas do complexo B, beta-caroteno, vitamina K, minerais e muita proteína.
Os componentes químicos da moringa tornam-na um aliado para combater vírus, bactérias, a arterioesclerose, as doenças do coração, para reforçar o sistema imunitário e como um poderoso anti-tumoral, tal como demonstrado em vários estudos (este e este, por exemplo) uma vez que induz a apoptose das células nos carcinomas humanos.
Infelizmente o lobby das farmacêuticas não permite que alimentos como este sejam desenvolvidos para tratamento do cancro.
Acredito que a moringa me ajudou durante a quimioterapia. Tomava 30 ml por dia (o dobro da dose normal). Voltei a tomar agora, que estou pior do que durante o tratamento tóxico, mas apenas 15 ml, de manhã antes do pequeno almoço.