sábado, 22 de julho de 2017

Instrumentos para evitar a quimioterapia



Saiu hoje uma grande reportagem no Diário de Notícias (Cancroda Mama: a Nova Cruzada dos Cientistas Portugueses) que questiona porque morrem 30% das mulheres com cancro da mama metastizado, não se tendo alterado esta estatística nos últimos anos. Vem este artigo a propósito da mudança de objectivos da Laço. Esta, que investia na detecção precoce, passou a investir na investigação científica com bolsas a cientistas e ao Instituto de Medicina Molecular. Para além de investigação que permitirá perceber porque se desenvolve o cancro de maneira mais agressiva numas mulheres que noutras, e do desenvolvimento de terapias que estimulam o sistema imunitário (ao invés de o destruir, como a quimioterapia), cientistas como Célia Carvalho e Catarina Silveira tentam desenvolver um teste que permita tratamento personalizado.
 «O objectivo deste projecto é o desenvolvimento de um teste molecular que ajude realmente a distinguir os cancros com baixo risco de recidiva e que seja um apoio para a decisão clínica: tratar ou não com quimioterapia. Pretendemos que seja um teste não muito dispendioso, para que o seu valor seja aceitável para os hospitais, já que os testes moleculares de diagnóstico disponíveis actualmente são muito caros, não são comparticipados pelo SNS e, portanto, ainda não estão na prática clínica», explica Célia Carvalho (in DN).
Como a cientista muito bem diz, já existem testes, como o MamaPrint que já aqui referi, que, se aplicados, poderão salvar muitas mulheres da quimioterapia. Soube que já o aplicam no IPO do Porto, mas ainda não confirmei.


Se os médicos me tivessem informado da existência destes testes antes de me aplicarem o «protocolo», (a chapa três como lhe chamo, quimio/cirurgia/rádio) teria, de muito bom grado, pago para saber se seria possível evitar a quimioterapia. Não nos esqueçamos que segundo o ensaio clínico MINDACT, cujos resultados saíram em 2016, 46 por cento das mulheres com um a três gânglios afectados foi sujeita a quimio sem necessidade. E bem sabemos o que a quimio faz para além de nos arruinar a imunidade – coloca-nos em pós-menopausa e rouba-nos anos de vida, muitos anos de vida.
Fico feliz de saber que no nosso país se investiga para substituir a quimioterapia por tratamentos que estimulam a imunidade e que já é possível personalizar o tratamento de modo a que muitas possam evitar esse contra-senso, esse flagelo, esse negócio negro das farmacêuticas.
E parabéns à Laço pela lúcida mudança de objectivos: a investigação (e a sua aplicação) é a melhor maneira de combater o cancro. Desde que seja acompanhada da abertura de espírito, que deveria caracterizar cientistas e médicos e que tanto tem faltado nesta área.

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