Saiu hoje uma grande reportagem no Diário de Notícias (Cancroda Mama: a Nova Cruzada dos Cientistas Portugueses) que questiona porque morrem
30% das mulheres com cancro da mama metastizado, não se tendo alterado esta
estatística nos últimos anos. Vem este artigo a propósito da mudança de objectivos
da Laço. Esta, que investia na detecção precoce, passou a investir na
investigação científica com bolsas a cientistas e ao Instituto de Medicina
Molecular. Para além de investigação que permitirá perceber porque se desenvolve
o cancro de maneira mais agressiva numas mulheres que noutras, e do
desenvolvimento de terapias que estimulam o sistema imunitário (ao invés de o
destruir, como a quimioterapia), cientistas como Célia Carvalho e Catarina
Silveira tentam desenvolver um teste que permita tratamento personalizado.
«O objectivo
deste projecto é o desenvolvimento de um teste molecular que ajude realmente a
distinguir os cancros com baixo risco de recidiva e que seja um apoio para a
decisão clínica: tratar ou não com quimioterapia. Pretendemos que seja um teste
não muito dispendioso, para que o seu valor seja aceitável para os hospitais,
já que os testes moleculares de diagnóstico disponíveis actualmente são muito
caros, não são comparticipados pelo SNS e, portanto, ainda não estão na prática
clínica», explica Célia Carvalho (in DN).
Como a cientista muito bem diz, já existem testes, como o
MamaPrint que já aqui referi, que, se aplicados, poderão salvar muitas mulheres
da quimioterapia. Soube que já o aplicam no IPO do Porto, mas ainda não
confirmei.
Se os médicos me tivessem informado da existência destes
testes antes de me aplicarem o «protocolo», (a chapa três como lhe chamo, quimio/cirurgia/rádio)
teria, de muito bom grado, pago para saber se seria possível evitar a
quimioterapia. Não nos esqueçamos que segundo o ensaio clínico MINDACT, cujos
resultados saíram em 2016, 46 por cento das mulheres com um a três gânglios
afectados foi sujeita a quimio sem necessidade. E bem sabemos o que a quimio
faz para além de nos arruinar a imunidade – coloca-nos em pós-menopausa e
rouba-nos anos de vida, muitos anos de vida.
Fico feliz de saber que no nosso país se investiga para
substituir a quimioterapia por tratamentos que estimulam a imunidade e que já é
possível personalizar o tratamento de modo a que muitas possam evitar esse
contra-senso, esse flagelo, esse negócio negro das farmacêuticas.
E parabéns à Laço pela lúcida mudança de objectivos: a
investigação (e a sua aplicação) é a melhor maneira de combater o cancro. Desde
que seja acompanhada da abertura de espírito, que deveria caracterizar
cientistas e médicos e que tanto tem faltado nesta área.
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