«De certa maneira (…) ficamos a saber a vida de uma pessoa
pelo tipo de cancro de que ela padece», Haruki Murakami (A Rapariga que Inventou um Sonho 2006, p.25).
O cancro da mama é um cancro das emoções. Tirando os casos em
que a genética interfere, grande parte das mulheres que tem cancro da mama fala
em períodos de stress, cansaço, perda ou angústia anteriores à descoberta do
dito. Depois, esses tumores embrionários, no caso dos cancros chamados hormonais
(RE+ e RP+), são alimentados pelas hormonas de uma gravidez tardia, ou as da
terapia de substituição hormonal, por exemplo.
No meu caso este processo aplica-se: em Maio de 2015 uma
mamografia revelava que não tinha cancro ou tumores (BIRADS 1 para a mama
direita) nem qualquer suspeita. Após, isso, numa altura em que sentia que
necessitava de levar uma vida mais calma e ir de férias (o que não fazia há
anos, adiando desde a defesa de doutoramento) entrei numa situação profissional
de grande stress – não tanto pela quantidade de trabalho e viagens constantes,
com o que estou habituada a lidar, mas pela pressão humana da parte de uma hierarquia
sem respeito pelos outros. Em stress, o meu sistema imunitário ficou debilitado
– estava sempre constipada, com gripe. Entretanto a remoção dos miomas (alimentados
pelo estrogénio) e a tomada de hormonas (pílula do dia seguinte seguida de
terapia de substituição hormonal, por um mês) foram o suficiente para, no prazo
de dois ou três meses, desenvolver um tumor que em Maio de 2016 tinha 5.8 cm.
É necessário ter atenção ao nosso corpo em períodos de grande
pressão psicológica – há quem afirme que o cancro da mama é emocional. Eis um artigo sobre a relação entre a imunidade
e o stress publicado pela American Psycological Association. Nesta entrevista um oncologista e um Professor de Medicina Integrativa examinam essa relação.
Apesar dessa relação óbvia entre o stress e a queda da
imunidade, um estudo recente na Grã-Bretanha afirma não haver qualquer relação
entre o stress e o risco de cancro da mama, isto apesar de 34 por cento das mulheres
diagnosticadas positivamente viver em stress e 74 por cento ter tido um evento stressante
recente... (é fantástica a maneira como as estatísticas manipulam a realidade).
A questão não é o stress em si – é a forma como este afecta
a imunidade. E não me digam que não há relação entre um
sistema imunitário deprimido e o cancro….
E temos ainda a prova de que as células cancerígenas crescem mais depressa quando o organismo está em stress, tema já bastante estudado.
Se eliminarmos o stress, controlarmos as hormonas e
reforçarmos o sistema imunitário o tumor fica privado do que o causou e do que
o alimenta e é atacado por uma imunidade renovada. Há mulheres que têm tumores e
que recusam a quimio (essa assassina e agente de esterilização em massa) e a cirurgia,
e que, seguindo um tratamento de controle hormonal e reforço da imunidade, vêem
os seus tumores mamários diminuir, desaparecer.
Portanto, controlar o stress, a raiva, a sensação de perda,
a angústia e a depressão é vital para tratar o cancro ou para evitar uma
recidiva.
Faz todo o sentido e explica o facto de num ano estar tudo bem e no ano seguinte acusar um tumor, em quem faz exames regularmente, de ano a ano ou de 6 em 6 meses...
ResponderEliminar