sábado, 20 de maio de 2017

Sol sim, protector não


Interessante esta entrevista do Expresso com o médico Manuel Pinto Coelho, que fala de alguns assuntos que já aqui referi e de outros que serão objecto deste blog brevemente, como a água do mar.

A deficiência de vitamina D é um dos factores de risco para o cancro. Por exemplo, nos Estados Unidos a dose mínima recomendada está muito abaixo dos níveis bons para prevenir doenças cancerosas. Se não se puder apanhar sol há sempre a possibilidade da suplementação. Mas o melhor e mais barato é mesmo o banho de sol. Basta apanhar 15 a 30 minutos de sol todos os dias, sobre a maior extensão possível de pele nua, sem protector solar. O vosso corpo gerará vitamina D3 (calciferol) suficiente para manter o vosso sistema imunitário.
Eis um artigo sobre o assunto, do American Journal of Clinical Nutrition e outros sobre a importância da vitamina D para a prevenção do cancro colo-rectal (a segunda maior causa de morte por cancro nos EUA e a primeira na Europa) e do cancro da mama (este e este)
É importante ter em conta que: quanto mais escura for a vossa pele menos vitamina D produzirá (as sardentas, como eu, precisam de menos sol, as negras e morenas, de mais); quanto mais longe do equador estiverem menos vitamina produzem; menos horas de dia e mais de noite menos vitamina D, dai ser tão importante apanhar sol no inverno.

Foto de Pedro Libório
Não se esqueçam de que não fomos feitos para estar num escritório durante as horas de sol – os nossos antepassados corriam atrás dos animais ou plantavam hortas ao ar livre. Só há um século é que passámos gradualmente a ser todos bichos de interior.

Sem protector solar? E os escaldões? E o cancro da pele? Perguntam vocês.

Não precisam de apanhar sol durante muito tempo e podem ir aumentando o tempo de exposição gradualmente.
O que interessa é aproveitar os UVB e para tal, nada de protectores solares que os bloqueiem. Pior – são compostos por substâncias altamente tóxicas que libertam radicais livres quando expostas ao sol, actuam como se de estrogénios se tratassem, desequilibrando o vosso sistema endócrino (algo a ter em conta sobretudo para nós, as do cancro da mama sensível às hormonas) para além das reacções alérgicas e irritação da pele.
As substâncias a evitar nos protectores solares são: oxybenzona, methoxycinnamate e PABA que são estrogénicos. Se o vosso protector tiver estas substâncias deitem-no fora já! Mas há ainda outras substâncias tóxicas (em inglês que é muitas vezes a língua dos ingredientes destes produtos), para amnino benzoic acid, octyl salicyclate, cinoxate, dioxybenzone, phenylbenzimidazole, homosalate, menthyl anthranilate, octocrylene, methoxycinnamate e parabenos (estes usados para conservar).


Há dois tipos de protectores solares: os não minerais que penetram na pele, são disruptivos para as hormonas e libertam radicais livres sendo o seu mais comum ingrediente a oxybenzona; e os minerais que contêm zinco e titânio. Estes não têm os efeitos dos acima referidos e bloqueiam melhor os UVA.
Acabei de verificar o protector solar de corpo que usei o ano passado: contem um dos três piores tóxicos, methoxycinnamate, para além de «parfum» - perfume ou fragance o que quer dizer que não sabemos o que lá está – os produtores não são obrigados a revelar o «segredo» do seu perfume, que contem, amiúde, ftalatos, outro disruptor do sistema endócrino. Este vai para o lixo. Leiam o rótulo do vosso protector, seja de supermercado ou de farmácia (pela minha experiência estes não são necessariamente melhores).
Ultimamente uso apenas protector para a cara e mãos – na água o fato de surf protege o corpo, em terra o meu velho casaco e o chapéu fazem o mesmo efeito. Depois de alguns dias, já não é preciso tanta protecção a pele vai ganhando cor. Mas evito sempre expor a barriga, o peito e as costas nas horas se sol mais intenso.

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