sábado, 4 de fevereiro de 2017

Maldito seroma



Quatro dias depois da cirurgia e quando só estava em casa há dois dias, tiraram-me os drenos. Desde ai que o maldito seroma não me larga.
A radioterapia deve começar, idealmente, na quinta semana após a cirurgia. Nalguns casos o adiamento pode ir até à oitava semana. No meu caso essa data já passou a 1 de Fevereiro (fui operada a 7 de Dezembro) mas como não me podem fazer os tratamentos de rádio com seroma, a espera continua.
O seroma é líquido linfático  que não é absorvido e se acumula na axila. Quanto maior a massa tirada (como por exemplo na mastectomia radical modificada que é o meu caso) mais probabilidade existe de se desenvolver. Mas nem sempre acontece. Segundo os médicos, a enfermeira que me trata e estudos que li, não existe nada que possa ajudar a prever o seroma a não ser a quantidade de massa tirada (mastectomia e esvaziamento axilar deixam-nos mais perto do prémio nesta lotaria injusta).
Também não há nada para o precaver ou curar: a faixa de elástico por cima do peito nada faz e há estudos que mostram que essa técnica já nem devia ser usada. Uso-a apenas para dar um pouco mais de suporte ao peito quando faço esforços (carregar sacos, estender roupa e fazer outras coisas que sei que não devia fazer) mas quando o seroma é muito só aumenta a dor.
Um médico da urgência disse que em relação ao seroma a única coisa a fazer é pôr a literatura em dia – ficar no sofá a relaxar. Se tivesse seguido o conselho, nestes dois meses já tinha esgotado a Biblioteca Nacional. A enfermeira que me drena o seroma duas ou três vezes por semana diz que ficar quieta é mau – compromete a articulação do ombro e a mobilidade. É das minhas – eu se ficasse quieta com todos os problemas musculo esqueléticos que tenho ficava entrevada, como bem diz o meu osteopata.
Por isso, apesar do seroma, lá vou hoje recomeçar a ir ao ginásio.
E como o seroma passou de 110cc há duas semanas para 60cc ontem e nada é para sempre (nem eu) pode ser que o danado esteja a estrebuchar e me deixe seguir com a minha vida.

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