Às vezes do tratamento do
cancro parece a lotaria ou jogo de sorte e azar. Os médicos invocam a ciência mas
depois desculpam-se com a sorte.
«Ficou com um problema no
fígado depois da quimio? Ha quem não fique.» «Fez um seroma? Pode acontecer a
qualquer uma que tire grande massa, mama e gânglios.» «Fez encapsulamento da prótese,
linfedema, queimaduras? São consequências possiveis da rádio, não se pode
prever.» «Engordou 20 quilos com o Tamoxifen? Há quem não engorde... E teve de
fazer várias raspagens ao útero? Bom há mulheres que só têm afrontamentos e
perda da libido, nunca se sabe como cada uma reage. Foi azar.»
Para um protocolo de tratamentos baseados na ciência,
este (quimio/cirurgia/radioterapia/terapia anti-hormonal) deixa muito à
sorte.... Não seria óptimo que com um dossier de informação clínica com os antecedentes do paciente o médico dissesse: «no seu caso que tem artroses, o problema pode agravar-se» ou «tem níveis de açucar altos vai engordar» ou «tem tendência para miomas e fibroses pode fazer encapsulamento da prótese mais facilmente». Seria óptimo que nos dessem as probabilidades de ganharmos ou perdermos. Que nos preparassem para a quase inevitável perda de qualidade de vida que o tratamento clássico implica. Para perder na lotaria.
Por onde anda a ciência quando é necessária? Porque não encontraram ainda um método pré-cirúrgico de saber quais os gânglios afectados poupando assim os restantes, evitando um esvaziamento axilar com o consequente linfedema para tantas? Porque não criaram um medicamento que substitua o Tamoxifen, destruidor de vidas e lares, introduzido no mercado em 1978, velho papão com barbas. Talvez porque este tipo de pesquisa não interessa à Big Pharma que financia muita da investigação. Aos laboratórios não interessa que eu fique com mais ou menos gânglios - se fizer linfedema mais medicamentos vou gastar, de mais cuidados médicos vou precisar. Quanto ao Tamoxifen, gera milhões - porquê matar a galinha dos ovos de ouro introduzindo um medicamento natural baseado na romã ou na amora?
A lotaria do cancro vai continuar com a ciência (apoiada nos laboratórios) a ajudar pouco em aspectos que podia prever.
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