Gostaria de escrever este blog todos os dias, tanto mais que o iniciei já tarde neste processo. Quero deixar aqui testemunho e informação com referência para links académicos e de investigação sobre o diagnóstico e o tratamento do cancro da mama. Porém, há dias em que não sobra muito tempo ou disposição para escrever.
Quando iniciei o processo de diagnóstico foi a loucura porque estava a dar aulas no Porto ao mesmo tempo (vivo em Lisboa). Preparava as aulas e via os trabalhos dos alunos nas filas de espera para as análises, biopsias, ecografias, radiografias…
Durante essa fase não tive disponibilidade para procurar informação sobre a doença, ou sequer para pensar na minha própria mortalidade. Antes da cirurgia foi o stress total: não me foi dada informação suficiente sobre as opções de reconstrução e passei semanas a fazer buscas na net, a pedir testemunhos aamigas e conhecidas e segundas opiniões médicas.
Agora, pós-cirurgia (mastectomia radical), continuo a produzir grandes quantidades de seroma, líquido linfático que tem de ser drenado no hospital duas, três vezes por semana. Uma vez que fiz uma tendinite no ombro direito (e já tinha uma no esquerdo) impôs-se a fisioterapia três vezes por semana. Juntamente com as consultas, e as deslocações isto é como um emprego a tempo inteiro com horas extra!
Se tiverem um emprego das 9 às 5 talvez se aguentem a trabalhar durante este processo.
A quimio, foi para mim o tempo mais calmo (se bem que com semanas impossíveis) e quem tenha um emprego menos exigente a nível de calendário e viagens conseguirá, possivelmente, trabalhar. Quanto a mim, digo adeus ao segundo semestre de aulas: a radioterapia, que é diária durante cinco semanas, não começará antes de meados de Fevereiro o que quer dizer que não acaba antes dos idos de Março (a meio do semestre).
É difícil fazer planos durante este processo de tratamento do cancro da mama.
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