Deitar cansa. Muito. Foi o
que descobri nestes últimos tempos. Deitei-me em N camas para descobrir o
colchão adequado para os problemas que resultaram da mastectomia radical
modificada.
Foram dias cansativos a caminho de grandes lojas e centros
comerciais, a deitar e levantar, noites a procurar informação sobre o assunto na
internet. Entre essa busca desesperada e o Carnaval (a minha festa «católica» preferida) pouco tempo sobrou para
este blog. Busca desesperada porque já não aguento o colchão de molas duro, do
tipo ortopédico, onde durmo.
Com o esvaziamento axilar
à direita fiquei proibida de dormir para esse lado. Ora, era precisamente para
esse lado que mais dormia, alternando um pouco com o esquerdo. Nunca dormi de
barriga para cima. Com uma tendinite no ombro esquerdo – agravada pelo facto
de, pós-operação, ter de carregar todos os pesos e fazer todos os esforços
desse lado – tornou-se imperativo encontrar um colchão mais suave e adaptável.
A ideia inicial era simples – aproveitar os saldos de Fevereiro e comprar um
colchão de molas com uma camada de viscoelástico fofinho. Mas assim que me
desloquei a uma loja de colchões percebi que a coisa não era assim tão fácil: a
oferta é muito diversificada e a escolha muito difícil.
Acabei por reunir as
seguintes exigências que serão eventualmente semelhantes para outras mulheres
sujeitas a esvaziamento axilar:
1ª – Adaptabilidade, uma
vez que dormimos para um só lado, lado que é massacrado durante as 7 ou 8 horas
de sono (as que dormem de barriga para cima precisam de bom apoio para a
coluna, sem ser duro, no entanto);
2ª – Frescura, porque a
maldita quimio coloca-nos em menopausa com os fogachos correspondentes (eu
sempre transpirei muito de noite, de qualquer modo);
3ª – Se dormem com
companheiro/a, um sistema que, quando se mexem com as insónias da menopausa não
acorde o/a desgraçado/a e que suporte bem o seu peso caso pese muito mais (como
acontece com os machos). E já agora, uma superfície onde seja fácil voltarem-se quando estão a fazer «desporto» na cama.
Para o requisito número 1
temos a memory foam (viscoelástico)
desenvolvida pela NASA para os astronautas e adaptada pela Tempur aos colchões (caríssimos)
e que é comercializada em versões sem qualquer qualidade por gato-sapato. É
espuma e, portanto, tende a ser quente. Temos ainda o látex (quente) e as molas
ensacadas que fazem colchões frescos que servem também o propósito 3º -
adaptam-se ao corpo sem disturbar o parceiro mas precisam de algo fofo por
cima.
Portanto, o ideal é um
colchão de molas ensacadas (quanto mais molas melhor) com viscogel (uma versão
mais fresca do viscoelástico) por cima e um tecido de algodão ou algo natural a
terminar. Não foi fácil, mas encontrei um modelo exclusivo de uma loja
representante da Molaflex com estas características, o «Aruba».
Só que, entretanto, resolvi
investigar as espumas porque há uns anos, quando fiz estudos de doutoramento em
Barcelona, dormi uns meses numa cama de látex e nunca dormi tão bem. Porém o látex
parece estar ultrapassado (uns dizem que é muito quente outros que é duro mas
na realidade a firmeza é variável). O Bultex é um outro sistema de construção
de espumas, já com décadas, que as faz menos quentes. Adorei a adaptabilidade
firme dos colchões de Bultex e estive quase para comprar um modelo da Pikolin
com viscogel por cima. Mas, por fim, cometi a loucura total e, contra o meu
melhor julgamento, comprei um colchão de viscoelástico! Mas atenção: um topo de
gama da Colunex, o colchão que é o ex-libris da companhia portuguesa e que a
minha fisioterapeuta me aconselhou (ela dorme num igual). Pedi o máximo de
densidade (D70) – é firme quando me deito mas imediatamente se adapta às curvas,
sobretudo aos meus muito maltratados ombros. Parece que estou nas nuvens….
Enquanto o bem desejado não
chega (12 dias para a entrega) já não sei o que fazer para dormir: experimentei
dormir no sofá cama: caia para o centro do dito porque faz cova; coloquei uma
espuma por cima do colchão ortopédico: não dormi com calor, a
transpirar em bica. Acabei por pôr um edredão por cima do colchão, a fazer uma
camada suave, a ver se me aguento (ando a cair de sono) até chegar a nuvem fofa
dos céus.
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