sábado, 18 de março de 2017

Argumentos para recusar a radioterapia



Argumentos a ponderar para recusar a radioterapia no meu caso (atenção, apenas no meu caso. Quem fez apenas uma lumpectomia deverá geralmente fazer radioterapia ao restante tecido mamário. Quem fez mastectomia e esvaziamento axilar e tem mais de quatro gânglios afectados deverá, sem dúvida, fazer o tratamento. E mesmo quem, como eu, tem um a três gânglios envolvidos deverá fazer radioterapia, se bem que poderá haver condições atenuantes, digamos, a considerar):
 
1- A radioterapia deve ser iniciada quatro a oito semanas após a cirurgia. Devido à existência de seroma já se passaram 14 semanas, o que diminui a efectividade do tratamento (não encontrei referências sobre o assunto que se aplicassem ao meu caso, se bem que haja muita informação sobre atrasos no tratamento de pacientes sujeitas a lumpectomia).

2- O seroma encapsulou, criando um edema e uma fibrose que me limita o movimento. A radioterapia poderá causar mais fibrose o que aumenta a possibilidade de linfedema (10 a 15 por cento).

3- O cancro estava circunscrito aos três gânglios afectados não havendo vestígios externos, na massa axilar, digamos.

4 - Se mais tarde houver recorrência local (no cancro dos ductos operado com lumpectomia essa possibilidade é maior, no lobular invasivo (o meu caso) há mais tendência para metástases distantes) a radiação poderá ser utilizada no peito uma vez que esses tecidos não terão sido ainda irradiados.

5- Tenho consciência de que as células cancerosas existentes localmente se podem espalhar ou já ter espalhado, por isso vou fazer análises regulares (a 15 de Março os marcadores tumorais mostravam que estava tudo bem).



6- Tenho conhecimento de que a radioterapia diminui em mais de dez por cento a possibilidade de metástases (comparando as mulheres mastectomizadas com um a três gânglios afectados (o meu caso) que fizeram radio com as que não o fizeram: a recorrência local foi de menos 16 por cento; a primeira recorrência (a 10 anos) foi de menos 11.5 por cento e a mortalidade foi de menos 7.9 por cento (ou fim de 20 anos) segundo estudo financiado pela Cancer Research UK publicado no The Lancet em 2014.
 
7- Por outro lado, a radiação pode criar células estaminais de cancro da mama que são 30 vezes mais resistentes à quimioterapia e à própria radiação, como demonstrou um estudo da UCLA em 2012. Ou seja as células irradiadas perdem a capacidade de apoptose (morte programada) e tornam-se mais resistentes, sendo responsáveis pela criação de metástases.

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