Em 1931 o químico e médico Otto Heinrich Warburg ganhou o Prémio Nobel (Fisiologia) por ter descoberto que um meio ácido cria condições para o desenvolvimento das células cancerosas. Warburg investigou o metabolismo dos tumores e a respiração das células e afirmou que a principal causa do cancro é a deficiência de oxigénio nas células, que cria um meio ácido no corpo. As células cancerosas são anaeróbicas e não podem sobreviver na presença de altos níveis de oxigénio como os que se encontram num corpo alcalinizado. Um PH (hidrogénio potencial) acima dos 7.365, ou seja, alcalino, significa uma maior concentração de moléculas de oxigénio; um PH baixo, ácido, significa menores concentrações de oxigénio, oxigénio necessário às células saudáveis.
Na obra O Metabolismo dos Tumores (1926) Warburg demonstrou que todos os cancros são caracterizados por acidose e hipoxia (falta de oxigénio). Uma célula privada de oxigénio pode tornar-se cancerosa. A hipótese principal de Warburg era de que a causa do cancro é a substituição da respiração de oxigénio nas células normais pela fermentação de açucares, ou seja, de que as células tumorais geram energia através da decomposição da glicose.
Portanto, não é novidade que certos alimentos causam um meio ácido propício ao desenvolvimento das células cancerosas.
Só me pergunto porque é que 80 anos depois esta informação não é divulgada insistentemente ao público em geral e sobretudo aos pacientes de cancro.
Entretanto a hipótese de Warburg parece ter sido «ultrapassada» pelo conceito actual de que o cancro é causado por mutações nos oncogenes, ou seja, de que as células cancerígenas são aquelas que perderam a capacidade de apoptose (morte celular) reproduzindo-se indefinidamente. As mudanças metabólicas referidas por Warburg seriam apenas efeitos secundários dessas mutações e não a causa. E no entanto, está provado estatisticamente que os países que têm dietas acidificantes têm mais incidência de cancro….
Esta recusa de integrar a teoria de Otto Warburg na prevenção e tratamento do cancro tem muito a ver com a atitude geral dos oncologistas de hoje em relação à dieta. Aliás, aquele cientista foi desacreditado por insistir na importância da alimentação e até apoiou Josef M. Issels, um médico que promoveu um tratamento para o cancro baseado no reforço do sistema imunitário e que foi perseguido e condenado em tribunal. Rockefeller (que instigou a farmacêutica baseada nos petroquímicos através do subsídio às universidade de medicina que a promoviam) tentou «comprar» Warburg provavelmente para o calar, mas este não chegou a ir para os EUA.
Se refiro tudo isto é para defender algo que não é muito complicado de levar àvante e que devia ser altamente difundido como prevenção do cancro: evitarmos alimentos acidificantes e investirmos nos alcalinizantes.
O açúcar, de que já aqui falámos, é altamente acidificante. E não falo só daquele granulado branco que alguns gostam de meter no café – há açucares escondidos (aconselho-vos esta reportagem sobre o assunto).
Outros alimentos acidificantes são os cereais e farinhas refinadas (como as que se usam nos bolos e doces), os refrigerantes, os alimentos processados em geral (incluindo chouriços, enlatados e pré-cozinhados), o álcool e o café.
Para mim, os produtos alimentares para crianças são os piores: podem não ter
lactose ou glúten (p que na realidade só afecta os intolerantes) mas têm
açucares, por vezes escondidos. Fico com vontade de chamar a Protecção de
Menores quando vejo os pais a dar Coca-Cola e afins às crianças…
Fico também impressionada quando na fila do supermercado apanho à minha
frente jovens de 20 ou 30 anos: tudo o que colocam na passadeira está embrulhado
em plásticos coloridos e nada pode ser considerado comida a sério.As mulheres que têm ou tiveram cancro da mama têm de ter cuidados acrescidos, sobretudo aquelas cujo tumor é hormonal, ER+. A carne e o leite dos animais criados com hormonas de crescimento (vacas, porcos, frangos) e a soja são alimentos a evitar. Mas sobre isso falaremos num post específico.
Os alimentos alcalinizantes de que devemos usar e abusar são as nozes, os vegetais e os frutos. Destes, tenho que salientar o limão. O que custa beber o sumo de um limão por dia, de manhã com água morna ou misturado nos batidos ou a temperar a comida? Nada. E ainda ajuda a perder peso (tem a fibra pectina), é diurético, promove a hidratação do sistema linfático (através das suprarenais) e clarifica a pele. Já diziam os antigos «quem tem um limoeiro tem uma farmácia à porta». Eu tenho uma na varanda. Só que esta não vende drogas…
PS: Sobre a questão da dieta acidificante versus cancro encontrei uma revisão de literatura interessante que remete para variada investigação recente sobre o tema aqui.
Mas há que não esquecer que a fruta tem também muito açúcar e não convém abusar. Foi o que uma vez um médico me disse durante uma entrevista. O ideal é consumir sim, mas também qb.
ResponderEliminaracho que li algures que a frutose não é nociva, ao contrário da sacarose... por isso fui saber as diferenças aqui: http://www.lookbebe.com.br/tipos-de-acucar-diferenca-entre-glicose-frutose-sacarose-e-lactose/ mas não sei a resposta
ResponderEliminarbem sei que o limão sendo ácido é alcalino e a laranja sendo ácida não é alcalina, mas porquê...?
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