Há já alguns meses que bebo
o fantástico kombucha, o chá fermentado. Resulta num «champanhe» magnífico (tem
0,5 a 1% de alcóol), que «apimento» com gengibre ou hortelã, cidreira e tomilho
da minha horta/varanda.
São bem conhecidas as
propriedades do kombucha ou kombuchá, o chá fermentado. Sabe-se que na China já
se bebia há mais de dois mil anos (na dinastia Tsing) e é citado na Bíblia (Rute
2:14) num relato datado de cerca de mil anos antes de Cristo.
A nós, doentes de cancro,
interessa-nos sobretudo pelas suas propriedades alcalinizantes. Mas já lá vamos
- é que merece a pena fazer uma passagem pelos outros benefícios da bebida.
Alguns dos componentes
mais importantes do kombucha são:
- As vitaminas do complexo
B (B1,B2,B3 e B6) que ajudam na conversão dos hidratos de carbono e aliviam os
distúrbios nervosos;
- O ácido glucurónico que participa
na eliminação das toxinas;
- O acido glucónico
resultante da rotura da glicose que preserva os alimentos;
- O ácido úsnico,
desativador de vírus e potente antibacteriano.
- O dióxido de carbono, que associado ao alcóol actua como anti-microbiano.
Assim, o kombucha é excelente
para ajudar no tratamento de diversos problemas de saúde:
Artrites – alivia as dores
inflamatórias;
Pressão arterial – actua
para a diminuir uma vez que reduz os lípidos no sangue e o colesterol;
Distúrbios intestinais – equilibra
a flora intestinal e ajuda a regularizar o Ph;
Diabetes – estabiliza os níveis
de glicose (neste caso convém que o chá fique mais ácido para termos a certeza
que todo o açúcar foi consumido na fermentação);
Constipações – previne-as,
uma vez que reforça o sistema imunitário;
Cálculos renais – ajuda a
dissolvê-los;
Psoríase – tanto para uso tópico
como para ingestão uma vez que a psoríase piora com os estados nervosos e a
vitamina B ajuda a melhorá-los;
Distúrbios do sono – pelo
mesmo motivo: as vitaminas do complexo B são essenciais para a um sono estável;
Perda de peso – melhora a
capacidade do organismo para queimar gorduras e a motricidade intestinal;
Cancro – uma vez que
estimula o sistema imunitário e que promove a alcalinidade do organismo (quanto
mais ácido o ambiente mais proliferam as células cancerígenas).
As comidas como as frutas, vegetais,
nozes, raízes e legumes secos são alcalinizantes porque são convertidas em ácidos
gordos de cadeia curta com nutrientes probióticos que alimentam a bactérias boas dos
intestinos (eis investigação sobre o assunto). O mesmo acontece com o kombucha. As bactérias boas vão diminuir a
inflamação no corpo em geral evitando a proliferação de células cancerígenas. As comidas acidificantes, como
os açucares e farinhas refinadas, as sodas e a gordura animal, criam
precisamente o ambiente contrário.
Porque não beber, então,
um copo de kombucha em vez de um copo de cola ou afins? É naturalmente
gaseificado, muito agradável e tem propriedades óptimas.
Para aquelas que foram
sujeitas a quimioterapia o kombucha é uma boa forma de ajudar o sistema imunitário
a recuperar.
Como preparar
Quanto à preparação, ignorem
a maioria das instruções que encontram na internet – fazem com que pareça muito
complicada.
A receita é muito simples.
É só fazer chá, açucará-lo e acrescentar a «panqueca» com um pouco do kombucha
da fermentação anterior e depois deixar fermentar entre uma e duas semanas.
Para o meu frasco de três
litros faço um litro de chá (verde ou preto) com 4 a 8 saquinhos (consoante é
mais ou menos forte) acrescento um pouco menos de 2 litros de água, misturo uma
xícara de açúcar (branco ou amarelo) e, por fim, coloco o biofilme (que parece
uma panqueca) com um pouco do kombucha que sobrou da última fermentação.
Ou seja, é necessário:
Um recipiente de 3 litros coberto
com pano ou papel;
Um litro de chá forte;
Dois litros de água;
Uma chávena de açúcar;
Um copo de chá da última
fermentação;
Uma «panqueca».
O biofilme ou zoogléia (em inglês chamam-lhe SCOBY de symbiotic culture of
bacteria and yeast) vai-se reproduzindo - vai engrossando e vai criando «filhos».
Até os oferecer mantenho-os juntos.
Se viajarem podem conservar
as «panquecas» no frigorífico, preferencialmente num recipiente ligeiramente
destapado (as caixas herméticas que têm uma válvula no meio, são boas). O frio
atrasa a fermentação. Também podem deixar no frasco do costume mas ao fim de três
ou quatro semanas poderão ter uma bebida mais ácida, o que também é agradável –
podem dobrá-la com água fresca ou usar como um vinagre de sidra.
Deve-se consumir um pequeno
copo de kombucha de manhã e um outro à noite. Às vezes também bebo como refresco, num dia
quente, a meio da tarde. Convém que os quase três litros sejam divididos pelos 10
ou 15 dias que leva a nova cultura a estar pronta. No Verão a fermentação é
mais rápida, com o frio é mais lenta. O ideal é provar antes de engarrafar.